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Moda autoral gerando lucro




A briga entre cópia e inspiração é um tema que sempre gera discussões na moda. Polêmicas à parte, nos últimos anos o Brasil vem alcançando um patamar autoral mais visível, e que tem chamado atenção, inclusive, do circuito internacional. Mas como valorizar o que é nosso, sem fugir do mainstream para criar o desejo de compra? É isso o que especialistas discutem a seguir.
Se hoje o Brasil pode ser entendido como um país que avança na criação autoral, há alguns anos essa realidade estava bem distante. “As referências externas tinham duas razões: a falta de um calendário de lançamentos brasileiro e a restrita quantidade de estilistas e marcas que atuavam no mercado de moda autoral. Isso provocava a repetição de elementos apresentados nas coleções internacionais da estação passada, e menos concorrência criativa em um mercado dividido por menos players”, explica Maurício Medeiros, consultor de estratégia e inovação da Abest (Associação Brasileira de Estilistas). A definição de um calendário nacional e a grande concorrência entre novos estilistas podem ser entendidos como fatores que provocaram, e ainda provocam, o amadurecimento da moda do país.

A grande questão, no entanto, é como se inspirar e ter uma essência brasileira, sem criar uma cópia do que é vendido lá fora. Porque, afinal, não dá para ignorar os hits internacionais. Ainda mais em tempos de internet, quando as informações sobre o que é objeto de desejo ficam muito mais evidentes. “Hoje viajamos mais, estamos cientes dos acontecimentos do mundo no mesmo instante em que eles acontecem. Não há como fechar os olhos para tudo o que influencia o comportamento dos consumidores em uma escala global. Só devemos cuidar para que toda essa rica informação não se perca, pois os sinais emitidos por um sistema de moda internacional nunca serão compreendidos e nem referendados por todos os consumidores”, alerta o estilista Walter Rodrigues.

Walter ainda explica que nossa própria cultura pode servir como mote: “O que buscamos é enfatizar nossa riqueza cultural advinda de nossa miscigenação e geografia, criando cenários para pesquisas que envolvam nossos sentimentos de pertencer ao lugar, de experiências vividas e de nossas ações no cotidiano, buscando assim inspirar as pessoas a olharem a seu entorno e de lá retirar subsídios para suas coleções, fortalecendo o argumento, que utilizará as emoções como ponto de partida, tornando a história da criação dos produtos verdadeira”.

Cristine Kopschina, coordenadora de eventos da Abicalçados, afirma ainda que a criatividade está no DNA do brasileiro: “Temos fontes riquíssimas de inspirações, como a natureza exuberante e a multiculturalidade. Temos uma cadeia produtiva completa e cada vez mais instituições de ensino olhando para a moda, formando profissionais focados nessa indústria”.

Algumas iniciativas têm promovido no país esse exercício de buscar o novo. É o caso do Fórum de Tendências e do Inspiramais, realizados pela Assintecal (Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos), e do +B Inspiração Brasil, livro criado pela Abest, exclusivamente baseado na iconografia, etnografia, nas artes e nos demais repertórios culturais brasileiros, e cujo objetivo é inspirar a criação de moda com base em referências internas.

Fonte: Revista UseFashion, março de 2012. Adaptado. 

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